Apesar do crescente talento do cinema brasileiro, nossa sociedade ainda fica às margens de festivais cinematográficos que acontecem em nosso país. Por isso talvez muitos não conheçam a história por trás do filme O Silêncio do Céu.
O longa na verdade é uma produção que engloba muitos países. O Silêncio do Céufoi gravado no Uruguai, é estrelado por um galã argentino, mas tem como cineasta o brasileiro Marco Dutra; e acabou de ser exibido, com muito êxito, durante o Festival de Gramado.
“O Silêncio do Céu”: tragédia e violência em busca do Kikito de ouro
O projeto desenvolvido pelo paulista Marco Dutra estreou no Festival de Gramado com metade do público na plateia durante a exibição. Mesmo assim, quem esteve presente vivenciou uma verdadeira imersão ao melhor do cinema com referência a thrillers de sucesso.
O filme, inclusive, foi comparado aos longas do ícone Roman Polansky, cineasta europeu reconhecido pelos seus thrillers arrebatadores. Com todas estas qualidades, O Silêncio do Céu já é considerado o melhor trabalho de direção apresentado até agora em Gramado.
Nos últimos dias, o filme ganhou um pequeno destaque na mídia nacional depois que muitos veículos debateram uma cena chocante e estarrecedora: o estupro da personagem de Carolina Dieckmann.
Na cena, dois homens se revezam na agressão sexual sofrida por Diana, interpretada por Carolina. A cena tem uma duração suficiente para ser longa e perturbadora, tudo intensificado pela trilha sonora e pelos jogos de luzes.
O marido de Diana, Mario (personagem do argentino Leonardo Sbaraglia) chega em casa a tempo de presenciar o estupro, mas vê tudo pela janela, sem saber como reagir.
Tudo isso acontece nos minutos iniciais do longa, o que deixa bem claro o pesado teor da produção, que mistura terror, drama e suspense à história de um casal que vive sob o trauma do estupro.
Recomeço com feridas ainda abertas
O restante do filme tenta colar os cacos psicológicos que o estupro causou na vida do casal. Para isso, momentos de silêncio valem mais que mil palavras, e mostram a força presente da tragédia na vida de ambos.
A maior descoberta do espectador é perceber que toda a história do estupro é contada pela ótica do marido, que não conseguiu interferir no ato traumático, assistindo tudo de forma passiva.
Diana segue sua vida, com as feridas do ocorrido, mas tentando seguir seu rumo da melhor forma possível. O marido faz o contrário e passa a se remoer em culpa por não ter interferido na situação.
Ela não fala do caso e ele precisa que ela exponha seus dramas para seguir vivendo, e isso acaba por interferir no relacionamento do casal, que aos poucos perde comunicabilidade.
Muitas perguntas ficam no ar por todo o longa, principalmente o motivo da “inversão” dos problemas: por que o marido sente culpa e precisa ouvir da mulher o que ele mesmo viu? Por que Diana não consegue falar com o marido sobre o que lhe aconteceu?
A história segue carregando estes pontos até o final, quando tem um resultado surpreendente. Todo o roteiro, inclusive, foi baseado no livro Era El Cielo, deSergio Bizzio.
Mesmo com plateia pela metade, O Silêncio do Céu é uma densa prova da qualidade do cinema nacional, e promete angariar muitos prêmios no Festival de Gramado. Ainda assim, vale o reconhecimento público.
Então, claro, incentivamos que você prestigie a história, tanto para fortalecer o cinema nacional quanto para debater depois do fim da sessão assuntos sérios e graves que insistimos em esconder.
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